quinta-feira, setembro 18, 2008

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".

Fernando Pessoa

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu assim...

Quem nunca se sentiu um estranho no ninho, o patinho feio, diferente de todos da sua família?
Quem nunca teve a sensação de que pertencia a outro lugar...?
Se você já se sentiu assim algum dia ou ainda se sente, você certamente sabe do que eu estou falando!
Essa sensação já me fez sofrer muito, até que um dia eu percebi que essa diferença era algo muito positivo.
Hoje fico feliz em saber que realmente eu sou muito diferente de todos da minha família e que sou melhor do que eles.
Sou feliz pelo fato de eu não ser uma alienada, mais uma pessoa facilmente manipulável nessa grande massa impensante que é a maioria da população mundial e da qual a minha família faz parte.
Sou feliz por ser uma pessoa que faz a diferença e que se preocupa em evoluir a cada dia mais.
Sou feliz por não me contentar com conversar de comadres sobre supermercados, filhos, netos e maridos e sobre qual foi o jantar de ontem.
Sou feliz por exigir conteúdo e qualidade das minhas amizades e por manter conversas construtivas.
Hoje percebo que me diferenciar positivamente dos demais foi melhor coisa que me aconteceu e que todo o sofrimento que eu tive no começo, hoje se transformou em satisfação!
Por isso às favas a família e viva a singularidade!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

A Pessoa Errada



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Pensando bem
Em tudo o que a gente vê, e vivencia
E ouve e pensa
Não existe uma pessoa certa pra gente
Existe uma pessoa
Que se você for parar pra pensar
É, na verdade, a pessoa errada
Porque a pessoa certa
Faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente tá precisando
das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia
sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade,
aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando
suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo
ao seu lado
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada
tem que aparecer pra todo mundo

Porque a vida não é certa
Nada aqui é certo
O que é certo mesmo, é que temos que viver
Cada momento
Cada segundo
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo,
querendo, conseguindo
E só assim
É possível chegar aquele momento do dia
Em que a gente diz:
"Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade
Tudo o que ele quer
É que a gente encontre a pessoa errada
Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

Luis Fernando Veríssimo

sexta-feira, abril 21, 2006

Despertar


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Há tantos reinos no mundo que envolvem o teu ser profundo.
A coragem é mais que viagem a todos os portos que fores capaz de ancorar. Precisas transpor outras fronteiras e distâncias.
Aprende a ser leve como o vento e olha fundo, porque o medo é só um instante num coração errante.
Goza dessa virtude de se sentir inteiro nesse novo mundo tão velho de teorias.
Destrói conveniências, sapiências ultrapassadas em confortos cristalizados, nos medos que não ousas adentrar.
Abre os braços em cotidianos abraços. Se os dedos se cansaram, é de toques que eles precisam. Grande é o amor que tudo abarca.
São tantas as fendas, as portas, as divindades e a saudade.
Nas escolhas que se fazem e nos encontros que a geometria propõe.
O sol levanta e dorme, como tu, todos os astros e movimentos.
Tudo é preparação, malas para a viagem que não tem fim.
Não percebes a beleza que ronda o teu desacordo com o mundo?
Levas traços revoltos, mas vida são ondas que se quebram no eterno vai e vem.
Remove o pranto que o manto de teus dias escondeu.
Remove a poeira, ladeira, que se acumula, entranha. Está em teus poros, suados de defesas armadas.
Sacia a fome com os alimentos da terra, da mente e do espírito.
Entrega-te às surpresas, à vastidão, à amplidão. À natureza, dos bens o mais precioso. Aprende a compartilhar: amor, vida, olhar.
Espalha os talentos aos ventos e seres capazes de os polinizar.
Une-te em fraternos ideais e condutas. Sem vaidades ou orgulho.
Não é de certezas a vida, mas de descobertas.
Respeita as diferenças, ciências da mesma verdade que tudo conduz. Sente com o coração, estamos todos envoltos na mesma oração.
Encontra teu tesouro interno e oferece-o ao mundo que necessita.
Cultiva a coragem de acabar com as máscaras, pois apenas inteiro podes ir além.
Ama , surpreende, exerce a escolha. É livre o arbítrio.
Mas assume o dever, com consciência da tua parte no todo.
Com a convicção de dentro, ousa as travessias.
Não te escondas em medos e culpas. A aparente fragilidade é a grande força que tudo move.
Nos lúcidos lampejos, que chamas de coincidências, residem as revelações.
Compreende teu papel na vasta trama.
Estampa em teu peito este sol que dentro brilha.
É de fogo essa hora. Qual fênix, renasce de tuas próprias cinzas. Toda realidade começa num sonho.
Acorda então para dentro. Agora anda com o tempo que nunca andou tão depressa.
Tudo é jornada. E escolha...

Isabel Mueller

sábado, fevereiro 25, 2006

Acordar, Viver



Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
Carlos Drummond de Andrade
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sábado, fevereiro 11, 2006

A Dor a Mais



Foi só muito amor
Muito amor demais
Foi tanta a paixão
Que o meu coração, amor
Nem soube mais
Inventei a dor
E como ela nos doeu

Ah, que solidão buscar perdão
No corpo teu
Tanto tempo faz
Tens um outro amor, eu sei
Mas nunca terás
A dor a mais
Como eu te dei
Porque a dor a mais
Só na paixão
Com que eu te amei

Vinicius de moraes


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Amor - pois que é palavra essencial



Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuven
se devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
nu úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

Carlos Drummond de Andrade
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segunda-feira, dezembro 05, 2005

Soneto 11

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Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luiz Vaz de Camões