terça-feira, julho 19, 2005

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

Vinicíus de Moraes

1 Comments:

Blogger SL said...

As separações não têm forçosamente de ser dolorosas...mas são sim, na maior parte, terriveis.
Jinhos e espero que seja só um soneto bonito a ser postado.

sexta-feira, julho 22, 2005 1:27:00 PM  

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